Em entrevista exclusiva ao Digital Futurecom, Caio Franco, Legal & Regulation da Yellow, comenta como a empresa lida com seus principais desafios e como é usar a cidade de São Paulo (SP) como laboratório.
Desafios da Yellow: perda de bicicleta, público desbancarizado, conectividade e abrangências de região. Como vocês se planejam para resolver esses problemas?
Na verdade, esses problemas já estão sendo equacionados em larga medida. O que a gente faz é – primeiro lembrar – que os problemas que a gente tem, têm que ser proporcionais ao sucesso que a gente tem. E o sucesso tem sido bastante grande, então a gente não se importa de ter problemas grandes e desafios grandes (risos).
Como estamos tendo um uso muito acima do esperado, e isso já era bastante alto, o sucesso do negócio não está em risco e a gente ganha muita força para resolver esses problemas da melhor maneira possível.
A gente tenta resolver com, basicamente, duas coisas: inteligência, que passa desde ter a melhor equipe de pessoas até ter os dados e tecnologia necessários para traduzir esses problemas para o ponto mais simples que a gente consiga solucionar. A gente tenta quebrar os problemas em pequenas partes utilizar nossa inteligente e nossos dados para atacar eles parte-a-parte.
A segunda maneira, é que esses problemas são de grande maneira de política públicas, da sociedade como um todo, a gente tem uma filosofia muito forte e, portanto, um time muito forte, de parceria com o poder público. Eu mesmo sou dessa área. A gente tenta olhar para os problemas que sofremos no negócio e pensar qual parte dele é um problema maior de sociedade e como a gente se organiza com autoridades públicas e sociedade civil organizada tanto para ser ajudado quanto para ajudar a resolver esses problemas maiores.
Essa conversa com o poder público ajuda na questão de regulação de perceber até onde vai a liberdade e o quanto de regulação temos?
Regulação vai paralelo a isso. Nessa busca comum por soluções dos problemas cria-se muito um senso de legitimidade em que o poder público reconhece na gente um grupo de pessoas de uma empresa que está interessada em ajudar e não em causar problemas. E a gente ganha um pouco de força quando sentamos para cobrar soluções; tudo bem, estou entregando muita coisa para a cidade, mas também preciso de uma ajuda. É o melhor ganha-ganha que existe.
São linhas paralelas. Mas não tem espaço para troca em que o governo oferece políticas que eu preciso. Eu forneço a solução e uma série de dados e provocações para dizer: “olha, será que se a gente caminhar por esse lado não seria interessante? ”, então o tempo todo tenho que convencer o governo, que tem que ser convencido a fazer o que é bom para a população e não necessariamente o que é bom para mim.
E com essa proximidade a gente mostra como os interesses da Yellow são os interesses da política pública.
Como é usar São Paulo como laboratório?
É um baita desafio e vem com bônus e ônus. O bônus é gigantesco e a lucratividade, portanto, é maximizado, tem uma baita demanda reprimida, as pessoas querem usar o serviço e usam, e temos números excelentes para mostrar. O ônus é que os desafios também são potencializados. Se eu tenho problemas de violência urbana, aqui eu tenho mais, se eu tenho dificuldades burocráticas, aqui é onde o governo é maior, mais complexo e mais cheio de etapas para aprovar uma regulação.