O painel Redes corporativas privadas 5G: Oportunidades e modelos de operação competitiva de serviços durante a segunda edição do Futurecom Digital Week foi mediada por Juarez Quadros, head da JMQD Advisors – ex-ministro das Comunicações – e contou com a contribuição de representantes da indústria, governo e operadoras de telecomunicações para expor as novas possibilidades de aplicações na indústria, tão aguardadas com a chegada da quinta geração da telefonia móvel no Brasil.
O investimento na infraestrutura de redes e o arcabouço legislativo para que as redes corporativas privadas façam a Indústria 4.0 atingir definitivamente o grau de maturidade para aplicações de missão crítica deram o tom ao debate. Essa questão foi permeada por discussão em torno de como o 5G vai possibilitar as aplicações avançadas com base nas tecnologias de IoT, Big Data, cloud computing e cibersegurança. A comparação seria a de que o 5G trará as características e possibilidades de aplicações das redes fixas B2B para o mundo móvel.
É consenso que a segurança passa a ser uma grande preocupação a partir das novas radiofrequências de 5G leiloadas, com incontáveis possibilidades de negócios. Compartilha essa opinião Débora Bortolasi, diretora da Vivo. “As operadoras de telecomunicações têm a estrutura física e a experiência para possibilitar a comunicação de alta capacidade de dados e velocidade e saberão entender as necessidades de implantação em parceria com os clientes, como já acontece em alguns casos no agronegócio e na mineração no país.”
As redes corporativas privadas 5G vão fazer com que os modelos de negócios com foco na transformação digital se tornem muito mais viáveis, na opinião de Alexandre Dal Forno, head de Marketing Corporativo & IoT da TIM. “A indústria precisa se digitalizar rapidamente e as redes privadas têm essa capacidade, principalmente se olharmos o modelo de compartilhamento de infraestrutura por empresas, que baixa os custos operacionais”, afirma. Para que esse passo seja dado, é necessário que a legislação seja clara em relação ao uso temporário do espectro e do uso do espectro secundário. Essa foi a opinião enfática de Francisco Soares, vice-presidente para Governo da Qualcomm na América Latina.
Do lado da indústria, a expectativa é grande em capacidade de alavancar a economia do setor. Renato Bueno, head de indústria digital para América Latina da Nokia tem a convicção de que o 5G dará aos negócios muito mais qualidade e produtividade em relação ao modelo tradicional. “São inúmeros benefícios que a população e o mercado terão com as novas frequências com serviços de alta velocidade em qualquer lugar.” Bueno fala de redes com tempo de resposta e qualidade que tornarão reais os serviços já testados hoje como, por exemplo, veículos conectados e até autônomos.
Já para o governo, os serviços públicos de qualidade são prioridade para que cidadãos tenham mais acesso à educação e saúde, entre outros, como exemplifica Helio Sant'Ana, assessor da Presidência da República. “As redes privativas de governo ganham um papel muito importante nas metas do leilão do 5G para o cumprimento da conexão das escolas, cobertura nas rodovias federais e diminuir as limitações do cidadão, sem nos esquecermos da segurança dos dados”, afirma Sant’Ana.
Nível de excelência
O meet-up “Combinando os conceitos Lean e as tecnologias da Indústria 4.0 para atingir o próximo nível de excelência operacional” foi além do debate sobre os impactos no chão de fábrica, como normalmente é aplicado o Lean – sistema de gestão que busca aumentar a eficiência e a produtividade reduzindo erros e redundâncias na produção industrial. O grupo de executivos, moderado por Pablo Deivid Valle, coordenador do curso de pós-graduação em Engenharia Industrial 4.0 da Universidade Federal do Paraná, destacou os pontos elementares para atingir a excelência operacional no setor industrial.
Mauricio Mazza, CIO da Mercedes Benz, diz que o processo de renovação do parque fabril da montadora, implantado em 2016, desde então já incluía os conceitos de indústria 4.0 e cloud, combinando com várias tecnologias. E acrescenta que o ser humano continua sendo peça fundamental nesse quebra-cabeça apoiado pelas soluções tecnológicas em todo o processo. “O robô não tem amplitude para ter uma visão geométrica. Trabalhar a capacidade de cognição, a tomada de decisão, a flexibilidade e a potencialização com as tecnologias da indústria 4.0 com os fundamentos 4.0 é 15% mais eficiente do que as linhas originais mecânicas da indústria 3.0. Verifica-se uma qualidade melhor e um produto mais tecnológico, com mais valor para o cliente colocando ser humano no centro”, enfatiza Mazza. “Não podemos ter medo da tecnologia. Vivemos um contexto de mudanças. Precisamos entender como funciona o 5G, a IoT na fábrica e os produtos digitais. A pessoa com conhecimento é essencial, independentemente do que diz o algoritmo”.
Na Bunge há 16 anos e hoje liderando o processo de transformação digital e o Bunge Production System (BPS), Heitor Cauneto, diretor Global Manufacturing Excellence, também concorda que o colaborador deve estar no centro. “A tecnologia existe e é muito útil, mas não faz a reunião, não diz em qual ação você tem que executar. É preciso mindset e disciplina, planejamento de manutenção para a próxima semana. É preciso andar em paralelo para alcançar um processo estável, uma maturidade da gestão, em conjunto com a rotina lean para atingir a eficiência desejada”. É um trabalho em conjunto também de convergência IT e IoT para conectar o chão de fábrica e os negócios da empresa, mantendo gestão de dados e segurança”.
Já Ana Paula Corazzini, diretora de TI da Elgin, destaca a importância da transformação digital nas várias linhas de negócios da companhia genuinamente brasileira, prestes a completar 70 anos. “A fábrica nasce desde o olhar para o mercado e para o que o consumidor espera. Temos que ter qualidade e sinergia em todos os níveis e olhar a trilha de ponta a ponta”. Para Ana Paula, o conceito lean nasce na indústria e permeia várias frentes de eficiência operacional, com o ser humano exercendo um papel mais analítico, consultivo e preditivo”.
“A convergência de IT e IoT tornou-se essencial para que as empresas sejam mais competitivas junto aos seus processos. É importante identificar casos de uso, alinhar a estratégia da empresa e roadmap futuros. Para tanto, é necessária uma avaliação dos sistemas em uso, níveis de autonomia recursos disponíveis, skills, assim como definições de padrões a serem adotados e provas de conceitos (POC) para solidificar os conhecimentos colhidos”, defende Gerson Freire, diretor de Enterprise da Dell.
Responsável pelo setor industrial da IBM, Claudia Muchaluat, sócia e líder do setor industrial da IBM Consulting Brasil, tem a missão de suportar os clientes na jornada de transformação digital. “Há um volume de dados exponencial. O 5G irá impactar as redes industriais e toda cadeia de valor. Vivemos na era da indústria 4.0 com combinação dinâmica de velocidade, de escala, com approach data driven que transformam dados. E o 5G vai integrar mais ativos de inteligência, revolucionando com o aumento de velocidade de transmissão”.
Na Continental, são aplicados os conceitos da indústria 4.0 e lean nas áreas de suporte para assegurar a harmonia dos negócios da companhia. “As pessoas também são o centro na Continental. Temos etapas de robotização e padronização em todo o mundo. Contamos com programa interno que empodera nossos colaboradores, deixando-os livres para mover, criar e pensar os nossos processos, sendo eles protagonistas e especialistas a partir de treinamentos. “Revisitamos e redimensionados os processos robotizados, avaliando o que é bom e repensando o que não está é tão bom, dentro de uma jornada com espiral contínua e crescente”, destaca Helder Kohs, manager Business Application Regional Competence South America da fabricante.
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